terça-feira, agosto 12, 2014

Crónica de Santana da Carnota


No passado domingo, primeiro teste a sério à minha condição física após o regresso do interregno de três semanas durante as férias. Ainda não está «no ponto», nem perto e nem deveria, mas os progressos, para já, são bastante positivos, a atentar aos indicadores retirados desta Volta da Carnota, com 90 km e 1250 metros de acumulado, cumprida à esclarecedora média de 34,2 km/h. Muitas fases de intensidade média alta e... muito alta; momentos de descanso, muito poucos! Andamento seletivo praticamente desde o arranque de Loures – o que, sublinho, seria (e é) dispensável -, a definir, entre um pelotão bem composto, um grupo muito restrito que fez quase toda a jornada, apenas com mais uma «perdas» com o decorrer dos quilómetros e das dificuldades do revelo, causadores de natural agravamento da fadiga.

À passagem pelo Tojal, já a locomotiva ia aumentando o vapor, pela mão do maquinista Jony, desde logo correspondido pelo Augusto Vitorino e o Ricardo Gonçalves, o trio que mais estimulou o andamento em toda a volta – no caso do Jony até deixar de integrar o grupo, na subida da Carnota. O resultado foi uma média de 36,5 km/h até Alverca, ao início da subida de A-dos-Melros – a estabelecer diversas taças e KOM’s no Strava -e nesta não menos intensos 31,5 km/h (4.º melhor tempo), a sacudirem os últimos resistentes num grupo em que permaneceram, estoicamente apenas oito elementos: Jony, Augusto, Ricardo Gonçalves, André, Duarte Salvaterra, Ricardo Afonso, Bruno de Alverca e eu. Do alto de A-dos-Melros a Alenquer, 40 de média! Mas não sem alguns ímpetos excessivos e outras ameaças: logo na descida para Alhandra, quando o Jony «Martin» meteu o acelerador a fundo, levando o Augusto na roda, destacando-se cerca de 100 metros do grupo, surgiram algumas «desinteligências» devido ao comportamento rodista do André, a arriscarem quebrar a harmonia ainda numa fase madrugadora da volta. Com escaramuças, os prejudicados seriam os mais «fracos»: entre eles, eu! Felizmente, ficaram por aí, após a recolagem com o duo que se adiantara, e foram definitivamente sanadas entre Alhandra e Alenquer, antes da entrada na subida de Perrotes.

Aqui, na abordagem o Gonçalves imprimiu um ritmo muito bom e manteve-o na dura rampa em empedrado, mas foi o Vitorino a provocar a maior seleção, ficando apenas com a companhia daquele e a do André. Eu vi-me forçado a abdicar a meio da subida e meter o meu passo, para respirar, enquanto o Duarte fez o mesmo cerca de 300 metros mais adiante. Ambos aguardámos pela reintegração dos que vinham de trás. «Reanimado», puxei até ao alto, onde tínhamos o trio da frente quase a perder de vista. Todavia, com a enorme disponibilidade do Jony (Martin) voltámos a reentrar em Santana da Carnota, mesmo a tempo de nos fazermos à terceira subida do dia.

Esta foi iniciada a um ritmo bastante moderado, mas curiosamente após o Duarte ter pedido para moderá-lo ainda mais o duo Gonçalves-Vitorino voltou a meter lenha, acabando por seu eu (com muito melhores sensações do que em Perrotes) a terminar a ascensão. Resultado: o Jony e o Ricardo Afonso cederam. E quando seria previsível que aguardássemos, carregou-se em direção ao Sobral. Parte da culpa (por não pedir para refrear o andamento) assumida!

Reduzido a seis elementos - mas em breve a cinco com o «abandono» do Vitorino, sem aviso, na descida (ou antes) da Cabeda -, o grupo continuou a andamento vivo em direção a Sapataria, agora com as despesas entregues exclusivamente ao (imparável) Gonçalves e mim. Parceria que continuou na subida de Sapataria, mas quebrada logo a seguir (para aliviar a carga, que começava a pesar nas pernas), deixando o comando entregue ao matulão na aproximação ao Vale de S. Gião.

Na subida final, para Montachique, voltei à dianteira e «levei» o grupo até ao café do Ovo Frito, altura em que o Duarte cortou em direção a Lousa e o Gonçalves voltou a castigar os crenques. No topo, apenas ele e o «discreto» André, abrindo 10 metros para mim e o Bruno, forçando lançarmos numa cooperante perseguição (o André deu meia-volta no cruzamento das Salemas) até Loures, a velocidades que, amiúde, superaram os 70 km/h na descida de Malha Pão.     

3 comentários:

Anónimo disse...

já sabes o que a casa gasta. O lema é e sempre será: nunca deixar ninguém para trás, por variadíssimas razões e mais peso teve o facto do Jony ter rebocado grande parte do percurso até à Carnota. Se mais 1 ou 2 também abrandassem os restantes talvez dessem a mão à palmatória.
Já aconteceu com todos nós e é bom ter companhia para o que resta das voltas.
Clássica de Santa Cruz: junto às praias Porto Novo, abriu-se um fosso e aguardámos por ti para a recolagem e consequente reentrada no grupo principal.
Não custa nada este tipo de acções.
Domingo para mim até foi bom pois ainda vinha mais empenado que o JS, ui ui.
Venha Pragança.
Sem stress.

Pedro Fernandes disse...

Caro Ricardo
Uma boa crónica da volta dos Pro´s, EEhhh
Extraordinário Ricardo, estás apto para o próximo desafio, já no dia 21 de Setembro: http://www.gfnyitalia.com/,
com a respetiva apresentação: http://www.youtube.com/watch?v=PBG-v88B3OU

Mais uma decisão bem tomada a subida por Perrotes, com uma magnífica vista.
Quanto aos domingueiros permitiu um desfrutar dentro da resistência de cada um, ahhhh
Não esquecer de indicares a voltinha de amanhã e domingo, eeehh.
Um abraço
Pedro Fernandes (Carregado)

Ricardo Costa disse...

Tens razão, Ricardo Afonso, na tua crítica. Eu sou sempre a favor de promover a recolagem (no caso, dos que têm e/ou demonstram capacidade para acompanhar), mas por vezes as circunstâncias transcendem-nos. Por exemplo, na subida de Perrotes, eu aguardei (com o Duarte) para que vocês recolassem, porque seria o mais sensato/lógico. Bastou aliviar um pouco e juntámo-nos e a perseguição foi mais fácil. Já na situação da Carnota que referes, ficámos (fiquei, falo por mim) sem noção do atraso que tinham (e era considerável, mais de 1.30 minutos, porque olhei várias vezes para trás). Compreendes que depois do esforço de uma subida, e quando alguém dá continuidade ao andamento, a tendência é para tentar não largar e... depois logo se ver os que ficam para trás. Abraço