terça-feira, novembro 30, 2010

Crónica da Volta do Arroz Doce

As iniciativas puramente amadoras sob a égide do camarada Paulo Pais revestem-se, sempre, de um cariz muito especial. Temidas em tempos idos, quando a fama devida ao ajuntamento de atletas de bom nível, gente que aplica com empenho sobre a bicicleta a sua paixão pelo ciclismo, passava a imagem, errada, de que a competitividade, ao género de corridas, superava o convívio e o companheirismo, essas voltas têm-se transformado aos poucos em encontros excepcionais, chamadas indeclináveis a cada vez mais participantes de proveniências e níveis diversos.
Desde papa-léguas, malta que compete; aos mais remediados mas destemidos domingueiros, todos os que experimentam certamente que gostam... À sua espera, no final de uma manhã com múltiplos condimentos, uma barrigada de delicioso arroz doce. Que melhor!
Ao todo, foram vinte que saíram de Caneira Velha, em ritmo tranquilo, tranquilíssimo, de recomendável aquecimento e de precaução em manhã fria e (felizmente só) piso molhado.
Em Torres, primeira paragem. Operação de charme, carregada de simpatia, em plena concentração de ciclistas para apadrinhar a inauguração de novo estabelecimento do sector, sito na avenida do grande Agostinho. Cumprido o protocolo, sem outros impasses partiu-se em direcção ao Bombarral.
No ondulado da ligação ao Ameal e Outeiro da Cabeça, o andamento animou. O André, com a ajuda inicial do anfitrião Paulo Pais, a meter passo muito certo e indicado para levar o pelotão vivo e sem estragos. Mais tarde, o Manso, reconhecido excelente rolador, possante e voluntarioso, actualmente em processo avançado de emagrecimento (radical!), rendia o PP e passava agora a ombrear com o «reguila» de Montachique, naquele dia transfigurado trabalhador.
Na aproximação ao topo do Outeiro, o André forçou e ganhou ligeiro avanço, fazendo com que a cabeça do grupo se estirasse no seu encalço. Quando foi absorvido, algumas centenas de metros adiante, aliviou e deixou a liderança degenerar em ligeira anarquia. Resultado: sucederam-se as acelerações, quase todas fugazes e, por fim, neutralizadas à passagem pelo ponto mais alto (rotunda).
Daqui, até ao Bombarral, em falso plano descendente o aumento relativo da velocidade (média de 36 km/h) não se reflectiu no ritmo cardíaco dos melhor protegidos do pelotão. Algo que não se aplicou, naturalmente, aos que passaram pela frente. Foram uns tantos, sendo que o Manso voltou a ser dos mais activos. No seu terreno de eleição mandou a seu bel-prazer. Por isso, sem surpresa, a sua média de pulsações elevada (167, segundo refere na sua excelente crónica, em ciclismo2640.blogspot.com) demonstra a diferença de esforço para os que seguiam ao abrigo do vento.
Após a paragem prevista no Bombarral, espécie de aperitivo para o repasto final, esperava-se que a intensidade aumentasse bem mais cedo do que sucedeu. Pelo contrário. Na estreita estrada em carrossel da ligação ao Vilar o andamento foi sereno, a promover amena cavaqueira, e só após a rotunda do Rodeio, se abriram as hostilidades.
O Runa acelerou e rapidamente ganhou vantagem. Mas com a mesma eficácia os mais afoitos do pelotão passaram a controlar a distância do fugitivo. Até que uma suspeita de furo do Jorge (Contador de Arcena), acabou com o figurino. O pelotão neutralizou, enquanto o fugitivo, sem conhecimento do incidente, manteve a sua marcha, só se detendo no alto do Sarge, muitos quilómetros adiante – certamente estranhando a demora dos demais.
Com a entrada na dita subida do Sarge, ascensão irregular e sempre com suave inclinação a proporcionar velocidades elevadas, surgiram as movimentações mais sérias de toda a jornada. Ataques e contra-ataques isolados sucederam-se, mas sem que alguém levasse vantagem. Apenas destaques ligeiros e breves, aglutinados pelo ímpeto dos perseguidores – e pela sua facilitada tarefa naquele tipo de terreno. A correria apenas serviu para sacudir as peças mais frágeis do grupo da frente, que chegou a Torres, após veloz descida, reduzido a meia dúzia de unidades.
Aqui, mais uma neutralização, agora algo demorada, a aguardar por retardatários causados por mais um furo. A seguir, grupo compacto e opção de passagem pelo interior de Torres, a demover prolongamento das hostilidades que os caroços da Variante habitualmente desencadeia.
A subida para Catefica também não as provocou... e só com a embalagem da descida para o Carvalhal se quebrou a harmonia. Os topos do Turcifal não trouxeram revelações – apenas incremento de força nos crenques e nova embalagem para a ligação plana à Caneira.
Na rampa final, para o Lar (Arroz) Doce Lar do Paulo Pais, o David deu, no início, o mote para atacar a subida, mas abdicou logo. Então, sentindo-me com reservas (a volta acabou por ser até um proveitoso treino, por alternar picos curtos com largos período de baixa intensidade), mantive a pressão no resto da subida, levando apenas a ele (David) e ao André na minha roda, para culminar em sprint musculado.
À espera da matilha já estava a bela guloseima!

quinta-feira, novembro 25, 2010

Volta(s) de domingo (dia 28)

No próximo domingo, a volta é da Marginal (por Alcoitão). O trajecto vai de Loures a Sacavém, por Frielas e Unhos, e percorre toda a zona ribeirinha de Lisboa, desde o Parque das Nações a Algés, seguindo pela Marginal até ao Estoril. Aqui, ruma ao interior para Alcoitão, em direcção à estrada do autódromo e rotunda de S. Pedro de Sintra, descendo para Sintra. A ligação de Sintra a Loures faz-se por Lourel, Pêro Pinheiro, Negrais e Ponte de Lousa.
No mesmo dia (8h30), o camarada Paulo Pais promove mais uma jornada «das suas», partindo da Caneira para as entranhas do Oeste. O percurso é sidejamente conhecido e foi agora baptizado de Volta do Arroz Doce – só estreantes podem não saber porquê!
O traçado inclui dupla passagem por Torres Vedras e ponto de viragem no Bombarral. A ida cumpre-se pelo eixo Ramalhal/Outeiro da Cabeça; e o regresso por Pêro Moniz, Vilar e Sarge. A distância é de aprox. 83 km

terça-feira, novembro 23, 2010

Crónica de Sto. Isidoro

A mudança de características do percurso da volta do último domingo, em relação aos anteriores, alterou muito pouco a maneira como aquelas têm decorrido: em regime de pré-temporada. O sobe-e-desce saloio até à Ericeira e regresso pela subida de Sto. Isidoro foi muitíssimo diferente de anos transactos em igual fase da época, em que os fortes andamentos foram, mais do que inevitáveis, previsíveis...
Desta feita, imperou a moderação, o ritmo de cruzeiro acessível que tem permitido, à maioria, gerir as limitações do ainda recente defeso. Desde Loures a Bucelas, até à Venda do Pinheiro, não se saiu do regime de endurance; e de Malveira a Mafra, mais a ligação a Ericeira, o regime foi quase o mesmo.
A subida de Sto. Isidoro foi a excepção. Aliás, porque a malta andava ávida de uma bela picardia, de um jorro de adrenalina que não existe na toada comedida que, por agora, se aconselha. A aproximação à subida, logo picante na rampa que atravessa a localidade, motivou alguns excessos de ímpeto, confirmados às primeiras inclinações da bela ascensão (4 km a 5%), criando, desde logo, a ruptura no pelotão.
O Jorge, alguns furos acima dos demais nesta altura do ano, destacou-se imediatamente e com aparente facilidade. Teve um desempenho, para já, de «outro» campeonato. Ainda houve quem o tentasse seguir, mas felizmente (para este) foi a tempo para emendar o erro.
Atrás, formou-se um trio encabeçado pelo Freitas, que incluía o Pedro Fernandes e o Salvador, este, também em momento de forma mais adiantado (e a capitalizá-lo em presença frequente nos postos cimentos do grupo...).
De resto, tal como o camarada do Carregado, que começou ali a (sua) jornada mais activa de que há (tenho) memória, igualmente reflexo de condição adiantada. Depois de um ano de adaptação (em que se desdobrou na angariação de grupettos do seu nível... quase sempre a pregar no deserto), terá (e continua) a criar bases para a desejada evolução que o seu empenho bem merece...
Ainda mais atrás, o pelotão era liderado pelo Renato (Bucelas) - que nesta manhã de ciclismo fez-se acompanhar do pai (pessoa muito simpática). Aquele pareceu reservar-se, tentando limitar ao mínimo a sobrecarga física. Partilhávamos intenções, portanto. Daí, decidi escolher a sua roda. Connosco, vários elementos do grande grupo: Pina, Alex, ZT, entre outros que fizeram uma excelente subida.
Com a aproximação ao cume, o Freitas fica sem companhia. Primeiro, o Pedro, depois o Salvador. Na peugada destes, o pelotão, cá atrás, acelerava progressivamente, sempre comandado pelo Renato. O ritmo foi aumentando até atingir, nas derradeiras centenas de metros, patamar muito elevado – ao nível dos mais altos, reconheça-se... Na fase terminal da subida (e da aceleração) só eu resistia na roda do jovem ciclista, às voltas já frenéticas com o meu prato 36. Em consequência, o Pedro e o Salvador foram ultrapassados e a vantagem do Freitas diluiu-se num ápice.
No regresso, após retemperadora neutralização na muito concorrida zona pasteleira de Mafra, ainda se cerrou os dentes à chegada à Malveira – nada demasiado castigador - e mais tarde, no topo do depósito de rações, nas imediações de Bucelas – com o Jorge a disputar um musculado sprint com o Freitas. Ah, pois! Para quem tinha dúvidas sobre o «andamento» do Contador de Alverca...

quinta-feira, novembro 18, 2010

Crónica de A-dos-Arcos

Na manhã de domingo último, quem decidiu permanecer no conforto do lençóis, enganado pela noite diluviana e as previsões meteorológicas alarmistas, perdeu mais uma jornada de bom ciclismo - afinal, sem a anunciada chuva - , numa volta que decorreu ao jeito de uma pré-temporada bem feita. Felizmente, tem sido o agradável mote das tiradas quase primaveris deste Outono, a romper com maus hábitos de anos.
Num percurso com primeira parte para rolar e uma segunda mais acidentada, raramente se pisou o limite da intensidade recomendável. Nem quando um pequeno grupo liderado pelo André se empertigou, e levou o velocímetro aos 40 km/h entre Alhandra e Vila Franca, com cerca de uma centena de metros de vantagem sobre um pelotão tranquilo mas atento.
O reagrupamento deu-se após o empedrado, à saída da cidade, e desde aí às cercanias de Azambuja o colectivo permaneceu imutável, onde foi novamente quebrado por um ligeiro avanço, também consentido e sem esticão, de outro mini-grupo. Em Azambuja, parou-se para comes e bebes, outra boa prática nesta fase do ano.
Na ligação, por sentido inverso, até ao Carregado, manteve-se a toada serena, depois quebrada com a entrada na estrada para Arruda, quando o terreno se tornou irregular. Então, pela primeira vez no dia, a intensidade passou a níveis menos aconselháveis, principalmente nos derradeiros topos, depois do Jorge e do Carlos Cunha terem imposto ritmo vivo até Cadafais. Substitui-se-lhes o André, a forçar quando a estrada ondulou e a maioria do grupo a ter de resistir na sua retaguarda.
No entanto, frise-se que o andamento não foi proibitivo, apenas exigente, com preocupação pessoal em preservar a pulsação abaixo das 165, e só o desconforto muscular, já na aproximação a Arruda, levou-me a optar por descair alguns metros, na companhia do Alex e do Cunha.
Em Arruda, aliviou-se. «Procurei» o Steven e o Gonçalo, os únicos a perder o comboio. Ficou comigo o Alex. Mas retardatários demoraram, trazendo reforços, entre os quais, dois que provavelmente que não quiseram arriscar a madrugada cinzenta: ZT e Morais. O pelotão, esse, teve pressa e fez-se ao caminho de A-dos-Arcos. Nunca mais foi avistado.
O novo sexteto continuou, sempre tranquilo, mesmo durante a subida, altura em foi interceptado pelo Freitas e o Zé Henriques, também vítimas da desconfiança do tempo nas primeiras horas. O Pina, a aguardar no final da ascensão, idem.
No final da descida do Alqueidão, em Bucelas, houve sprint lançado. O Alex «disparou» à saída da Bemposta, acelerou muito bem até... aos 60 km/h (velocidade média de 15 segundos, embalada pelo falso plano descendente – confirmado pelo Polar) e quando esgotou deixou-me a frente para os últimos 500 metros. O Freitas, apesar de algo surpreendido com a aceleração, sem concorrência fechou a contenda nos últimos 150 metros. Um «exercício» sempre interessante e proveitoso para todos os envolvidos.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Domingo: Sto. Isidoro

A volta do próximo domingo é a de St. Isidoro, lá para as bandas da Ericeira. Já é uma velha conhecida, com alguma tradição criada pela interessante subida que é o seu ex-libris: Sta. Isidoro.
O percurso é muito simples: praticamente ida e volta por sentidos inversos. A única diferença é o início, de Loures a Bucelas e Vale de S. Gião, a subir para a Venda; e o final, da Venda para Lousa, sempre a descer até Loures. Na Ericeira, ruma-se a Ribeira d'Ilhas e logo à direita para Sto. Isidoro, onde se começa a subida de 4 km a 5% de inclinação média, e que conflui na estrada Mafra-Ericeira-Mafra, na zona da Achada/Fonte Boa dos Nabos.
Nada que enganar, a não ser que nos deixemos... pelo relevo. Este não é, de modo algum, um percurso fácil, mas um verdadeiro rompe-pernas, que nesta fase do ano, ainda mais, recomenda maior contenção do que nas voltas, mais «rolantes», dos últimos fins-de-semana.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Domingo: A-dos-Arcos

A volta do próximo domingo (dia 14) é de A-dos-Arcos. Percurso misto, com cinquenta e poucos quilómetros planos seguidos de cerca de quarenta em terreno acidentado, com uma subida (A-dos-Arcos) já com alguma extensão (4 km) mas suave inclinação (3%), e a excitante descida do Alqueidão na fase final.
No total, 96 km, que devem ser «lidados» em ritmo de pré-temporada, assim se enquadrando perfeitamente nos pressupostos para o momento presente – à imagem das voltas mais recentes.

Nota de trajecto: A partir do Carregado, dirige-se para Azambuja, onde se dá a volta ao bidão (entenda-se, a 1ª rotunda, junto à estação de serviço) e regressa-se ao Carregado pelo mesmo caminho. Daqui, segue-se em frente para Arruda-Pontes de Monfalim-A-dos-Arcos-Arranhó-Bucelas e Loures.

LEMBRETE: Na próxima sexta-feira (dia 12) vai realizar-se o tradicional jantar de fim de época do Grupo Pina Bike. O local da comezaina é a Adega Baixinha, em S. Roque. Marcações na loja Pina Bike, através do nº. 219820882

segunda-feira, novembro 08, 2010

Crónica de domingo

No passado domingo cumpriu-se mais uma volta de pré-temporada, respeitando, na generalidade, os pressupostos inerentes à mencionada fase da época para a maioria do pelotão. O percurso, maioritariamente plano, não destoou, contribuindo para o nivelamento que, nesta altura, se deve promover. Quase todos os elementos que saíram de Loures, lá chegaram após uma ligação que ultrapassou ligeiramente a centena de quilómetros.
A ascensão ao Forte de Alqueidão marcou a toada tranquila da jornada: andamento baixo e grupo compacto. As pequenas diferenças que se produziram na parte final da subida provam-no. Na descida do Sobral para Aldeia Gavinha, só o piso húmido impediu que fosse pouco mais que relaxada, quase tanto como o seguimento até Alenquer, em que as actuais forças mais destacadas no pelotão não deixaram que o ritmo fosse de autêntico passeio.
De resto, a média horária que se verificava à chegada a essa localidade, a rondar os 30 km/h, reflectia a dificuldade de manter a pulsação em sempre abaixo do limiar superior do endurance – principalmente para os que agora, tal como eu, estão em fase inicial de treinos. Aliás, são as diferenças entre os condicionalismos destes e a disponibilidade dos que não perderam a embalagem do final de época (com paragens breves ou intermitência nas saídas) que se notam mais, naturalmente, quando o terreno se depara selectivo.
Assim foi, no início, no referido Alqueidão, e de forma mais acentuada no final, de Sacavém para Apelação, onde a separação das águas se verificou logo na base da subida, apesar de, como se sabe, ter suave inclinação. Nesse trecho do percurso, salienta-se o andamento nitidamente superior do André, do seu igualmente jovem amigo, do Pedro (Kuota) e do Jorge «Contador», e as esforçadas iniciativas do Pina, Salvador e Alex para se manterem naquele quarteto – de onde viriam a descair na aproximação a Apelação.
Num grupo intermédio (formado desde o início), o Carlos do Barro, eu e o Welder, ambos na roda do trepador do Barro, que impôs muito bom ritmo, vivo e constante, ao longo de quase toda a subida, levando-nos até aos calcanhares dos Pina, Salvador e Alex à chegada ao topo de Frielas.
Para mim, «limitador» às 165 bpm, mas houve momentos que, para seguir o Carlos, não foi possível respeitar essa marca.
No grupo mais recuado, o Freitas (autor de sprint, à antiga, em Vila Franca, e de condução quase íntegra do grupo entre Alverca e Sacavém) manteve-se na companhia do Nuno Garcia, do ZT e do seu pai - que fez a volta na totalidade, com elogiável abnegação.
Ora, por (tudo) isso: chapeau, Sr. Zé Correia!

sexta-feira, novembro 05, 2010

Domingo: Sobral-Alenquer-Sacavém

Eis o percurso da volta do próximo domingo (dia 7).