quinta-feira, setembro 23, 2010

Domingo: Enxara do Bispo... e S. Romão

No próximo domingo, dia 26, a volta é daquelas que parecem carrosséis, em sobe e desce constante. Pode chamar-se Enxara do Bispo, porque passa por esta localidade numa fase intermédia do percurso, mas deve compor-se com S. Romão, nome da subida que termina junto a este santuário, em Trancoso, na fase nuclear do traçado, já perto do seu final.
Por ser um dos trajectos que se iniciam por Pinheiro de Loures, a caminho de Guerreiros, Lousa e Venda do Pinheiro, sobe praticamente desde o arranque. Após, isso, a montanha russa não pára mais.
Em minha opinião, é uma volta estimulante, no seguimento das últimas, de A-dos-Loucos e Montejunto, por Pragança, que, por juntar desnível acumulado significativo (cerca de 1600 metros, semelhante ao de Montejunto, da semana passada!) e 100 km de distância, adquire grau de exigência elevado. Arrisco dizer que não fica atrás da dificuldade das duas referidas voltas, talvez até mais se se considerar a ascensão final para S. Romão, a culminar uma ligação complicada e extensa, em subida, desde Arruda dos Vinhos.Até lá, para trás terão ficado pontos quentes como Guerreiros, Venda do Pinheiro (Freixeira), Enxara dos Cavaleiros, Sapataria, Tesoureira e o Forte de Alqueidão (desde a Quinta do Paço). Não são subidas muito selectivas para trepadores natos, mas para quem tiver pernas fortes e, na ocasião... boas. E há longas descidas, como a de Vila Franca do Rosário, Sobral para Arruda e de Lameiro da Anta para Bucelas (Santiago dos Velhos). Para respirar, quem sabe?

terça-feira, setembro 21, 2010

Crónica de Montejunto

Montejunto é sempre assim: ansiedade no início, sofrimento durante e êxtase no final. Foi certamente assim que se sentiram os que, no domingo, atingiram o cume da serra de 660 metros, a Varanda do Oeste. A ascensão por Pragança, a vertente mais curta, mas a mais constante e, por isso, a que tem a inclinação média mais elevada: 7,5% (exceptuando a do terrível Avenal) faz-se após aproximação em falso plano ascendente, a preparar o choque que é entrada naquela localidade, o duro início da subida, que lança os 5,5 km seguintes em que são escassos os momentos de descanso.
Este foi o ponto mais alto (literalmente!) da volta deste fim-de-semana, que teve noutros de inegável relevância também a contribuição para uma enorme jornada de ciclismo. Desde logo, o numeroso pelotão, nivelado por cima e pejado de figuras. A prova dessa elevada bitola foi a subida para o Forte de Alqueidão, com andamento de excepção desde a Bemposta para tempo abaixo dos 23 minutos: o meu «personal best». Corrijo, o melhor em que estive presente, pois a minha participação foi... nula! A proeza tem autor: o Renato Hernandez, que, embora a espaços coadjuvado, pautou sempre o andamento. E todos sabem como é difícil – até na roda – fazer os mais de 11 km sempre no prego. O Rui Torpes, que foi um dos poucos que se assomou à ilharga do Renato, reconheceu que a diferença de estar à frente e no conforto do pelotão era de 20 pulsações. Bom, por isso é que, apesar do ritmo elevado, passei mais ou menos incólume, com a pulsação abaixo do limiar anaeróbio (média de 162). Grande diferença em relação à semana transacta (eis os benefícios de se fazer qualquer coisa durante a semana). Além disso, a demonstrar o nível médio elevado do grupo, o facto de este se apresentar compacto à chegada ao Alqueidão.
Tempo no alto: 22m53s, menos 33 segundos que o anterior melhor e nova marca a bater.
A descida do Sobral para a Merceana foi tranquila, apenas polvilhada de algumas acelerações do Jony, que, quando lhe apetecia, destacava-se perante estranha permissividade do grande grupo. Ou seja, depois do Alqueidão, quem se daria ao trabalho de substituir o Hernandez nessa tarefa? Como ele não reagiu, relaxou até, todos aceitaram a sua atitude, como se de um «chefe» se tratasse.
Todavia, do Jony, naquela altura, eram apenas ameaças. Porque depois de se acumular mais desgastes no Freixial do Meio e na Atalaia, na descida de Vila Verde dos Francos para o Vilar, aproveitou um adiantamento do Freitas para atacar, agora... a sério. No pelotão, no mesmo tipo de terreno, a mesma estranha parcimónia. E provavelmente o mesmo pensamento anterior: «se o Renato não se mexe...». O grupo ainda avistou a junção do duo à passagem pelo Vilar, mas num ápice esfumou-se.
Até à subida de Martim Joanes foi em ritmo de passeio, interrompido, aí, por surpreendente iniciativa do Carlos Cunha, que levou o grupo a alcançar «um» duo, mas não o original: o Xico Aniceto substituía o Jony, que partira em solitário.
No momento da junção, outro imprevisto: o pelotão «encostou» e manteve-se na roda do duo. Estranho! Estaria a confundir o Xico com o Jony? Improvável! Ninguém queria assumir a perseguição, com Montejunto ali tão perto. E foi no ritmo calmo, pausado, que estes levavam que se cumpriu a ligação a Pragança, desde logo com a convicção que alcançar o fugitivo seria missão mais que improvável.
Entrada em Pragança e a estrada apontada ao céu. O Freitas movimentou-se mas logo abdicou. Passou a localidade e o ligeiro descanso, para logo voltar a empinar. O grupo da frente continha-se, e a primeira aceleração veio do... improvável Pedro. As respostas de alguns, embora progressivas, quebraram a unidade, destacando um quarteto: Pedro, Luís (TNT), Torpes e André. Vinte metros atrás: eu, Renato e Carlos Cunha. Mais atrás, o Carlos Gomes e o Mário.
Abordagem à famosa rampa dos 15% e mais uma surpresa! O Jony logo ali à frente, em ritmo de... paragem. E parou mesmo. Entretanto, na frente o Luís e o Pedro descaiam e eram absorvidos por nós. O nosso grupo, agora quinteto, o Renato passa mal nos metros finais do primeiro segmento da rampa, antes do pequeno descanso, para o segundo, mais curto. E tal como o Pedro e definitivamente o Luís, perdem alguns metros para mim e para o Cunha – e juntos enfrentamos a ligação ao quartel e à fase final da subida. Nesta, o Cunha ganha alento e eu, para não perder a sua roda, «passei ao lado» do recomendável descanso. Quando o terreno se elevou novamente (estávamos aos mesmos 20 metros do Torpes e do André) senti as pernas a vacilarem, a hipotecar o resto da subida. Esvaziava-se o gás para uma eventual aceleração final, restava-me ligar o «cruise control».
Em consequência, tive de largar o Cunha e fui engodo aos perseguidores. Traiçoeiro, no caso do Pedro, que se esforçou demasiado para chegar à minha roda e cedeu abruptamente. Mas encorajador para o Renato, que vinha em crescendo. Tinha-o já na minha roda à entrada dos 300 metros finais, enquanto alcançava o Cunha (agora em nítida perda) e não demorou muito a retemperar forças – também porque se fazia tarde. Ultrapassou-me, levando-me a procurar a sua roda, que segurei apenas por instantes. Nos derradeiros 100 metros, limitei-me a não perder muito e aproveitar o estímulo que foi mais uma das suas demonstrações de força.
O meu tempo foi de 21m48s (médias de 15,5 km/h e 182 de pulso). Já fiz mais depressa (menos 42 s) na mesma volta em Agosto de 2008, numa subida em que persegui, à morte, o indomável Hélder Calado até ao quartel. Foram 4 km que não se esquecem! Quando o alcancei, olhou-me e disse: «não fazia sentido ires aí atrás a sofrer...». Nesse momento, a montanha fez-se azul, de muito sofrimento e, vá lá, um niquinho de... RAIVA! Até ao alto, só se não pudesse. E não pude... Logo nessa altura tinha o mundo de mostrar como é ingrato!!
Resta dizer que, na frente, o duo Torpes/André (pareceu) que não se desfez, apesar de várias tentativas do primeiro. E que quase todos os participantes alcançaram, triunfalmente, o cume da serra.No longo regresso a Loures, os protagonistas mudaram: ainda que o Jony continuasse a mostrar serviço no seu terreno predilecto, surgiram o Carlos Gomes, o Alexandre e outros a encabeçar o pelotão a grande velocidade, culminando no tradicional sprint de Vila Franca, disputado metro a metro pelo Cunha e o Jony. Finalmente, na subida da cervejeira, juntei-me ao Torpes e isolámo-nos até Vialonga, após o camarada Alex me ter levado em bandeja de ouro.

quinta-feira, setembro 16, 2010

Domingo «gordo»: Montejunto (por Pragança)

O próximo domingo é domingo... gordo. Assim é quando o colosso de Montejunto faz parte do programa. Seja por que vertente for, é sempre motivo de festa.... rija. Desta vez, por Pragança, a subida mais curta mas a mais «montanheira», com os seus 6 km à respeitosa inclinação média de 7,5%, incluindo a não menos famosa «rampa de 15%» - que faz parte de um terrível km a 11,5%.
De resto, o trajecto até ao início da subida não é fácil. Pelo contrário. O Sobral via Alquidão, Merceana pelo Freixial do Meio e de Atalaia para Vila Verde são locais bem conhecidos, mas a ligação Vilar, Martim Joanes e Rocha Forte (em torno da vertente norte da serra) não é muito menos acessível. O regresso é por Abrigada, Ota, Alenquer, Vila Franca, Alverca, Vialonga e Tojal. Mais suave... portanto. Para «limpar». Tá-se mesmo a ver!
A partida de Loures é às 8h30.

quarta-feira, setembro 15, 2010

A-dos-Loucos: a crónica

Quero a Serra! Antes a Serra, que esta tortura da volta de A-dos-Loucos, vergado a uma horda de verdugos impiedosos que não se pouparam a esforços para me sovar no final de uma semana inteira de descanso... passivo. O regresso menos recomendado de sete dias de inactividade, após a Clássica da Serra da Estrela.
No entanto, os primeiros maus tratos, eu próprio me infligi, devido a uma saída tardia de casa que me forçou a aquecimento em contra-relógio, massacrando os músculos presos, adormecidos pelo longo ócio.
À chegada à rotunda do Infantado fico surpreendido com a coluna numerosa que se aproxima, quando àquela hora grande parte dos elementos mais fiéis do grupo estariam a caminho de Reguengos, estes, sim, em legítimo contra-relógio. Mais impressionado fiquei ao reparar que à cabeça do pelotão sobressaiam o Samuel e o Polícia em amena cavaqueira. E o Carlos do Barro logo atrás. Dou meia-volta e integro-me, encontrando-me lado-a-lado com o Steven, que não demora a fazer luz sobre as minha dúvidas: «Os teus ainda ficaram nas bombas! A malta vai para Sto. Estêvão». Agora, sim, tudo mais... habitual. A única imprecisão foi o facto de também os «meus» já ali estarem. Nem sabia quais e quantos, mas quando os caminhos dos dois grupos separaram, no Tojal, apercebi-me que não eram muitos mais que os dedos de uma mão.
Até Bucelas, o ritmo foi moderado, a cargo do Renato Hernandez, permitiu colocar a conversa em dia, ainda sobre as incidências da Clássica da Serra, com o Carlos Gomes, Jorge e o Pedro como intervenientes. Entretanto, o Mário também se mostrou, e então comecei a fazer contas de cabeça. Que rica companhia! Se estes bons companheiros estivessem «virados», seria o cabo dos trabalhos. Não demorei muito a ter essa confirmação.
A partir do Freixial, o Renato apertou e logo, muito! Começámos a andar como loucos, na rampa da Chamboeira acima dos 30 km/h. Tudo agarrado à sua roda. A locomotiva está de regresso! Num ligeiro «descanso» da subida relaxei, deixando abrir um ou dois metros, e para o Forno do Coelho fiquei a vê-los. Passaram todos os que já sabia estarem ali, e olhei para trás para descobrir alguém com que partilhar o resto da subida. Em vão. Não havia mais ninguém!
Às tantas, o Jorge e o Pedro, em extraordinária forma (ai os erros da Serra!), meteram uma abaixo e ninguém os seguiu, incluindo o Hernandez. O Mário optou por descair para me rebocar. Uma mota! Na Venda estávamos todos reunidos.
Na ligação ao Milharado manteve-se a intensidade, com o Hernandez sempre a imprimir o andamento e grupo a esforçar-se por manter a unidade. Após a Póvoa da Galega, pouco antes de reentrar no percurso em sentido inverso, o próprio lançou a seguinte laracha: «viemos dar esta voltinha para aquecer, hem». Pois...
Nesta toada, num ápice chegámos a Bucelas e preparámo-nos para enfrentar o Cabeço da Rosa, pela Romeira. Ritmo crescente, a terminar no limite. O Hernandez a dominar. Agora parecia ser o Mário em dificuldades. Retribui-lhe a ajuda da Chamboeira, mas disse para não me apoquentar, que só precisava de... «embalar». Talvez a subida fosse demasiado curta para o ritmo demasiado alto. Na sua terra, o Jorge «ordena» uma paragem por... necessidade. E no reatamento, em voz baixa reconhece a «disponibilidade» do Renato, para ele, desconhecida. Até agora.
Enfim, A-dos-Loucos. Primeiro ponto a favor da minha causa própria contra o empeno: a maioria parecia desconhecer a subida. Aos primeiros metros, o Renato exteriorizou a surpresa: «Onde é que estava escondida esta beldade?».
Numa atitude que o Carlos Gomes define como «até queimar o sangue», passei a imprimir o ritmo do grupo na fase inicial, a mais dura da ascensão. Fi-lo como pude, sempre em crenques, porque as pernas não suportavam que pedalasse sentado. Conduzi até a pendente aliviar e até à primeira mudança de velocidade. Esta veio do Contador de Alverca e foi esmagadora. Ninguém a suportou, até final. Os restantes subiram com ligeiras distâncias, e uma enorme surpresa: o Pedro entre as feras! Na cauda, eu e o Gomes, a tentar minimizar os prejuízos. Ainda assim, no alto a nossa desvantagem não era... demasiada.
Ah, com isto esqueci-me (por simpatia) de mencionar que, entre Alverca e Alhandra, se juntou a nós o Pedro Fernandes. Os cumprimentos foram breves, tal como o convívio, e só no final da subida se deu pela sua falta. Afinal, não demorou muito.
De A-dos-Loucos saltou-se para Mata, colocada especialmente neste final de percurso só para... estragar. Para meter nojo. E se a subida dos Loucos foi às apalpadelas, esta, por ser bem conhecida, foi atacada quase desde o início. Ainda assim, o grupo manteve-se compacto até ao primeiro descanso, altura em que o Gomes denuncia intenções: «Já estou despachadinho». E abre. Eu não demorei muito mais a seguir-lhe o exemplo, durei apenas até à curva cotovelo, quando o Hernandez esticou.
No entanto, este acabou por ser vítima da sua afoiteza. Em resposta, o Mário arranca imparável e tanto o Jorge como o Pedro (mais uma vez excelente!) seguem-no. Entre todos, distâncias de cerca 15 a 20 metros – mas lá na frente alguma coisa estava para acontecer. O Jorge passa à contra-ofensiva e dobra o Mário. E o Pedro mantém-se em progressão. Para trás fica definitivamente o Hernandez, depois estou eu e a seguir o Gomes, que encontrou o seu ritmo. Finalmente, o Pedro Fernandes.
O pequeno Contador de Alverca ainda explodiu para os metros finais, num registo de subida que rondou os 11m30s – ou seja, a «top». Está rijo, o homem!
E este domingo há Montejunto, por Pragança, com a sua famosa rampa dos 15%. Até lá conto estar melhor. Pelo menos, que a lástima deste final de semana.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Domingo: A-dos-Loucos

No rescaldo da Clássica da Serra da Estrela (crónica dos hérois em www.classicaserradaestrela.blogspot.com), retoma-se o calendário de voltas, com a realização este domingo, de A-dos-Loucos. Na ausência de parte do grupo e provavelmente de outros elementos no contra-relógio Alverca-Reguengos, no cardápio dos restantes estarão duas subidas «míticas» da nossa região: A-dos-Loucos (de Alhandra) e Mata (de Arruda). Mas o traçado tem mais dificuldades. De qualquer modo, uma mera rotina para quem esteve no exame da Serra.