quarta-feira, dezembro 28, 2005

A cinco meses dos Lagos



Estou a ver que o nosso amigo Jackie Durão está cheio de «ganas» para o novo ano. Por isso, nada melhor que esclarecê-lo devidamente sobre o que o espera no próximo dia 20 de Maio, nos Lagos de Covadonga. Para isso, nada melhor que começar a estudar aqui as altimetrias das subidas: o Mirador del Fito, a Robellada e os temíveis Lagos.

Como já tive oportunidade de lhe dizer, a parte mais delicada da prova (111 km) chega logo aos 8 km - a subida do Mirador Del Fito (9,3 km a 5,7 %). Para todos, mas especialmente para ele que não é um trepador, esta subida inicial poderá funcionar como a verdadeira charneira da prova, já que é fundamental para ele chegar ao alto integrado no grupo dos «portugueses» que, em princípio, não se irá desmembrar nesta fase - eu, Miguel, Nuno e Pedro(?). Caso contrário, o mais provável é ter de fazer todo o percurso que resta... sem a nossa companhia. Por isso, creio que a sua preparação específica deve concentrar-se especialmente em passar bem esta primeira subida, uma vez que depois não deverá ter grandes dificuldades para se manter integrado no pelotão (excepto se o Miguel não decidir atacar!) até à subida final, dos Lagos. Onde, então, começará «outra» história. E que explico já a seguir.

Para ir interiorizando alguns pontos de referência, deixo aqui uma imagem (em cima) que pode ser útil ao nosso amigo Durão. Após a primeira curva fechada à esquerda, com a casa em frente, estarão percorridos 100 km e faltarão «apenas» 12 km para terminar a Clássica. Mas atenção, não são 12 km quaisquer. Além de levarem a locais com paisagens arrebatadoras, inesquecíveis, são maus à brava. Para chegar ao alto, ao Lago Ercina, devemos contar uma inclinação média acima dos 7%, mas se excluirmos duas descidas vertiginosas de cerca de 300/400 metros cada (que por isso nem dão tempo para descansar) , a inclinação média é superior a 9% ao longo de toda a subida, com passagens a 11/12% e a 14/15%, na famosa Huesera. É mesmo muito duro.
O melhor que posso referir sobre este calvário asturiano, é que, para mim, é a subida mais díficil de todas as que já fiz. E já foram algumas, não menos míticas: Col de Croix de Fer, Col de Telegraphe, Col de Galibier, Les Deux Alpes, Tourmalet, Aspin, Luz Ardiden, Aubisque, Marie Blanque e o Mont Ventoux.

Por isso, caro Durão, acredita que quando entrares na Huesera vais certamente lembrar-te de tudo o que entretanto irás, ou não, fazer nos próximos 5 meses.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

A bom rolar...

O treino do último sábado foi bastante produtivo. Na companhia de uma dupla de bom nível (Carlos e Nando), fiz Alverca-Loures-Azambuja-Alverca (85 km) em ritmo progressivo. Na primeira metade, contra o vento (entre 30 e 35 km/h), a render, e depois de dar a meia-volta em Azambuja, agora a favor do vento, o que permitiu atingir velocidades de cruzeiro acima dos 40 km/h até ao Carregado. Melhor do que isso, foi ter sido possível manter o regime cardíaco sempre abaixo do limiar anaeróbio, como se pretende.
De resto, a subida de Vila Franca para Arruda estava prevista, mas por motivos de horário (os meus) não a fizemos. De qualquer modo, para suprimir o meu «corte», o Nando e o Carlos decidiram trepar o Cabeço da Rosa, depois de me deixarem em Alverca. Ficou evidente que o Nando está cada vez mais perto da boa forma, ou, pelo menos, de um nível que lhe permita nos tempos mais próximos começar a castigar-nos. Amanhã volto à estrada depois dos excessos natalícios e para sábado, à mesma hora (8h45) voltamos a repetir a dose ou talvez com um percurso ligeiramente mais acidentado. Para terminar o ano em beleza!
Hoje, quando ia para o trabalho, cruzei-me com o Sérgio Paulinho, em pleno treino, na zona de Sta. Apolónia. E perguntei-me por é que depois do recital dos Jogos Olímpicos de 2004 teve um ano discretíssimo na Liberty? Não tenho grandes dúvidas em considerá-lo com ciclista cheio de potencialidades. A forma como conquistou a medalha de prata em Atenas demonstrou que além de muito boas capacidades físicas, por agora à medida de provas de um dia, tem grande sentido táctico e inteligência de corrida, qualidades fundamentais a um campeão. Será que 2006 será o ano da sua afirmação internacional? Ou passará ao lado de uma grande carreira, regressando sem glória ao nosso ciclismo, onde dói muito menos ser estrela, mesmo que só na sua terra?

quinta-feira, dezembro 22, 2005


Esta é a terrível Cuesta de Huesera, a parte mais dura da mítica subida dos Lagos de Covadonga. A partir deste local, seguem-se 1,5 km a 15% de inclinação média!!!! Um dia alguém descreveu esta passagem da seguinte maneira: «Aqui se fica a conhecer a verdadeira essência do ciclismo!»
Foto tirada na tarde do dia 20 de Maio de 2005, véspera da Clássica Internacional dos Lagos de Covadonga. Para mais informações, contactar Miguel Marcelino, que nesta manhã fizera o seu reconhecimento durante o treino de... desentorpecimento; e Nuno Garcia, que, no dia seguinte, na prova, passou por aqui a 140 pulsações por minuto, depois de ter ajudado a anular uma série de fugas ao pelotão protagonizadas pelo seu compatriota durante toda a tirada. Por causa destas brincadeiras, outro português passou quase 4 horas em regime anaeróbio! Ele há companheiros assim, há!
Pró ano, vamos lá para ganhar ao c.... do basco! Um tal de Aitor Quintana, que nunca alguém ouviu falar dele...

Bruyneel ao site da Marca


Johan Bruyneel, director-desportivo da Discovery Channel, ao site da Marca: «Armstrong tinha outro Tour nas pernas, quiçá, dois». Além de outras passagens interessantes, como «Depois de ver os videos do último Tour é que ele (Armstrong) reparou na diferença para os demais e como esta era maior do que pensava» (...) «Aprende-se muito a ver os videos, os nossos e os dos adversários. Não sei se consigo ser objectivo, mas havia uma grande diferença entre ele e os outros».
Mais relevante ainda: Que herança deixa Armstrong? «A forma de preparar um objectivo. A sua forma de trabalhar foi metódica e única, quase matemática: se fizeres isto, isto e isto, o resultado é este. Com as suas condições, claro está. O ciclismo sempre se baseou nas tradições, nas histórias dos ex-profissionais, que sempre disseram que para se preparar um objectivo devia fazer-se sempre da mesma maneira. Armstrong rompeu com tudo isso, libertou o ciclismo das suas tradições, fez provas em túnel de vento, inovou no material... e isso aborreceu os que não querem que o ciclismo saia desse mundo. Agora, depois do seu domínio, esses mesmos pensaram que o Tour já não era mais a sua corrida, mas a de Armstrong, porque ele fazia o queria nela. E ainda por cima era americano».

domingo, dezembro 18, 2005

Ai aqueles 15 km finais!

Depois de uma semana a tremer de frio e de pingo no nariz – em consequência! –, a volta domingueira, por muitos aguardada com especial expectativa devido ao seu percurso inédito, afinal foi assim tão… terrível. Posso dizer que, no meu caso pessoal, teria sido a mais moderada das últimas semanas, se não estragasse tudo nos últimos 15 km!
E apenas me posso queixar de mim próprio, por ter decidido ir em busca da dupla Miguel-Freitas entre a subida da Tesoureira e Bucelas, depois de iniciar a perseguição com pouco mais de 1 minuto de atraso. A coisa até parecia que iria ser pacífica e decorria sem sobressaltos na subida, em que tive a companhia do Carlos até próximo do café dos velhos, chegando a tê-los a uma distância de pouco mais de 100 metros já à entrada de Casais da Serra. No entanto, quando o terreno suavizou, e eu esperava que a «caçada» estava praticamente garantida, retemperando forças durante alguns segundos antes da aproximação final, eis que a dupla (excelente equipa, não há dúvida!) decidiu aumentar fortemente o andamento, gorando as minhas pretensões de chegar ao cruzamento já integrado. Pior, a distância tinha aumentado. A partir de então, tomei imediatamente consciência que não teria vida fácil se os quisesse mesmo apanhar. Fiz rapidamente o ponto da situação e calculei que estaria com as forças umas boas décimas abaixo das dos dois fugitivos e que para anular aquela diferença de 15/20 segundos praticamente sempre em descida acentuada seria preciso contar com um momento de relaxe (nunca de fraqueza!), mesmo que ligeiro. Fiz as contas aos topos que faltavam – apenas três! – onde poderia ter algo mais a meu favor. O primeiro, na Chamboeira, deu para reduzir 10/30 metros; na passagem pelo Freixial (na curva apertada depois das bombas) estava a pouco mais de 15 metros. Poderia ser no próximo topo (do aviário, mais curto)! No entanto, o Freitas inteirou-se da minha proximidade, gritou para o Miguel, e está tudo dito! Mesmo assim, restavam cerca de 10 metros, 10 intermináveis metros. E o último topo, da fábrica de rações. É terreno para homens fortes, ainda com reservas após 90 km. O Freitas, lá está, tomou a dianteira, acelerou. Eu entrei com 52x15 e não podia tirar… muito! Foram os 300 metros mais longos dos últimos tempos. A cerca de 50 metros do topo, quando reparei que não daria para encostar definitivamente, ainda pensei em desistir, mas resisti… e a caçada só terminou… no fim, na recta à entrada de Bucelas. Eles não forçaram, principalmente o Freitas que poderia ter sprintado. As suas palavras, nessa altura, foram sintomáticas: «Já podes respirar, Ricardo».
Bem, quando disse que tinha estragado tudo, foi porque na Tesoureira ia com a sensação de leveza, de um treino com alguns picos mas moderado, e a partir de Bucelas até casa tinha agulhas as espetarem os músculos. Talvez depois de analisar os dados do Polar encontre algum alívio para as dores.

Notas de observador:

1- Muito interessante se tornou a tirada após a Arruda, quando o Freitas atacou. Desde aí, houve muito ciclismo, com mais gente a sair, e perseguição efectiva do pelotão até Cadafais, onde foi consumada a absorção dos fugitivos. O Carlos e o Daniel destacaram-se (tal como o Freitas) na combatividade, enquanto eu, o Fantasma (a estrear a sua mais recente aquisição da gama Cannondale) e o Nando (que começa a aparecer cada vez mais vezes à cabeça, sinal que está a subir de forma) fizemos as despesas da perseguição. Com a entrada na secção para muitos desconhecida do percurso (Cadafais-Carnota-Freiria), continuou a haver muita animação, primeiro com o Miguel a acelerar o grupo (obviamente iria fazer estragos se o Freitas não o colocasse na ordem!) e colocar de sobreaviso as principais figuras, e depois com os inevitáveis Carlos, Daniel e Farinha a não desarmarem. A subida final fez-se a bom ritmo, com o Miguel a assumir as despesas. E onde se deve realçar o facto de a maioria dos elementos ter chegado no grupo da frente.

2- A sequência das últimas semanas com feriado a meio trouxe evidentes melhorias na condição física da maioria dos elementos mais assíduos. E que são mais profícuas nos que têm respeitado intervalos de descanso mais alargados (não como eu!). Agora, seguem-se dois domingos «off», com muitos doces e fritos à mistura. Vamos ver como decorre a «reentre» de 2006.

3- Há uns meses, eu tinha batido o recorde de furos numa só volta: três. Hoje, o Freitas bateu certamente o de raios partidos: também três. E seria bem feito que os tivesse partido a todos naquela parte final.

4- Ausência notada, a do L-Glutamina (Steven), que teria certamente um forte contributo para dar nalgumas fases «quentes» desta volta, e que o seu colega de equipa ZT terá precisado. Este esteve sempre entre os da frente mas resguardado, provavelmente por ainda não ter tomado consciência de que está cada vez mais perto de ser capaz de voos mais altos. Ao que, definitivamente, o Daniel não liga a mínima, e que o Carlos demorou mas acabou por assumir. E sempre com tendência para subir.

5- Ainda por falar em ausências, o Fantasma nem deu pela falta do seu «co-equipier» Pina, que fez a sua aparição tardiamente, já no Sobral. E o que será feito do Pedro?

6- Mais uns dias e terei concluído o primeiro mês de preparação para a temporada 2006. Nessa altura, tenho previsto realizar um teste (mais preciso e rigoroso) ao meu estado de forma actual, uma vez que iniciei os treinos mais cedo do que nos anos anteriores. E para tirar umas dúvidas que andam cá a assolar-me!

terça-feira, dezembro 13, 2005

Santana da Carnota

Volta do próximo domingo:

Loures-Tojal-Alverca (p/ Arruda)-À do Barriga-Arruda (p/ Carregado)-Cadafais (p/ Santana da Carnota)-Refugidos-Carnota-Freiria (p/ Sobral)-Sobral (p/Bucelas)-Seramena-Forte de Alqueidão-Arranhó-Quinta do Paço (a seguir p/ Tesoureira)-Tesoureira-Casais da Serra-Freixial-Bucelas-Tojal-Loures

Distância: 92 km

Pontos quentes: Alverca-À do Barriga (6,8 km a 2,4%); Cadafais-Refugidos (2 km a 2,4%); Carnota-P.M. (3,1 km a 3,5%); Seramena-Forte de Alqueidão (2,9 km a 3,4%); Tesoureira-Casais da Serra (2,6 km a 3,4%)
Descrição: Percurso praticamente plano até Alverca, onde se toma a direcção para Arruda, através da subida bem conhecida para Á-do-Barriga (6,8 km a 2,4%), com uma ascendente irregular no início, secção mais dura a partir do cruz. do Calhadriz e dois quilómetros finais, muito suaves. Depois desce-se rapidamente para Arruda e daqui para Cadafais com alguns topo no início. Em Cadafais (2 km antes do Carregado) volta-se à esq., iniciando-se a secção inédita entre Cadafais e Santana da Carnota, uma subida com 11 km, semelhante à do Sobral na extensão e inclinação média. Do cruzamento de Cadafais até Refugidos sobe-se de forma constante a 2,4% durante 2 km, passando depois a um falso plano ascendente (6 km a 1,7%), com alguns topos de permeio, antes de se iniciar a fase de subida propriamente dita, a partir da localidade de Carnota (3,1 km a 3,5%), com algumas rampas bem inclinadas. O ponto mais alto (PM) encontra-se no interior de um eucaliptal (presumo!), seguindo-se 3,7 km em falso plano descendente até ao cruzamento da Freiria (N115), onde se vira à esq. para o Sobral. Depois do Sobral, já com 57 km nas pernas, sobe-se para o Forte de Alqueidão (2,9 km a 3,4%), rumando-se para Arranhó, Quinta do Paço e à dir. para Tesoureira, e daqui para Casais da Serra (2,6 km a 3,4%). A parte final (75 km), em direcção a Bucelas e daqui para Loures, em descida irregular, ainda poderá trazer mais animação.

Dicas: não há subidas verdadeiramente duras e selectivas, mas, como se pode facilmente constatar, o constante sobe-e-desce recomenda vivamente andamento moderado, em pelotão compacto, nos primeiros km, na subida de Á-do-Barriga e nos topos à saída de Arruda, até ao cruz. de Cadafais. Daqui até ao Forte de Alqueidão (23 km) está o sector mais difícil, onde se vão esgotar muitas reservas, que, porém, serão ainda necessárias para subir para Casais da Serra e depois para chegar a Loures por Bucelas.

Hot-spots (previsíveis): Poderá haver surpresas não recomendáveis de Alverca para À-do-Barriga. Mais tarde, o andamento deverá ficar progressivamente mais «rijo» ao longo da longa subida da Carnota, mas os últimos 3,5 km para o Prémio da Montanha serão certamente os mais intensos. Depois, é preciso ter «debaixo de olho» a subida para o Forte de Alqueidão, que pode fazer descolar elementos antes da descida, e mais tarde para Casais da Serra. Aqui o reagrupamento é certo, antes da descida para Bucelas, que promete, desde já, ser agitada.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Cavalgada!

Depois das aventuras e desventuras de Sintra voltou-se aos percursos menos tortuosos, com uma inédita passagem pela curta mais exigente subida de S. Domingos de Carmões, algures entre Sobral e Merceana, num total de quase 100 km.
Ainda com as duras andanças de Sintra na memória – mais do que nas pernas, o que só abona em favor do estado geral do grupo – o pelotão, mais uma vez numeroso (engrossado com a presença dos nossos companheiros do BTT de Loures), rumou a Bucelas e fez-se à subida do Sobral em ritmo moderado, que permitiu manter a coesão praticamente até ao alto do Forte de Alqueidão. Todavia, houve um fugitivo pouco habitual – o Freitas –, cuja iniciativa, ainda muito antes do cruzamento da Tesoureira acabou por vingar, não obstante a reacção do pelotão sensivelmente a partir da Frutar, embora sem intenção de mover uma perseguição efectiva – que, aliás, seria tardia.
Assim, não espantou que o líder tivesse chegado ao alto com vários minutos de avanço – facto muito pouco usual, para não dizer inédito. Todavia, o pelotão parecia disposto a não forçar – e fê-lo bem. Entre o grupo perseguidor, ainda houve alguns esboços de ataque, prontamente anulados. Não havia mais permissão para sair.
O tal novo sector de ligação a Carmões, tinha como aliciante uma curta subida de 1,8 km, a 4,8%, que, uma vez abordada com empenho pelos mais fortes daria certamente bom despique. Marquei o ritmo ao longo da subida, aumentando-o progressivamente até patamares altos, entre os 85% e os 90% (167/177), para terminar perto dos 95% (max. 184). Lá no alto, inseparáveis de mim, o Miguel e o Freitas: o primeiro sem surpresa e o segundo a mostrar que continua em crescendo de forma, num tipo de subida (curta) em que tem «obrigação» de entrar com os da frente. Certamente dir-me-á, como sempre: «Deus sabe como é que eu ia». Mas a verdade é que é ali o seu lugar. Igualmente bem, o Carlos e o João.
Depois do reagrupamento, retomou-se o percurso conhecido da volta da Merceana, que seguimos até final. Com as subidas para trás, a história da etapa mudou radicalmente. E mesmo reduzido em alguns elementos, o pelotão partiu para uma empolgante cavalgada entre Carmões e Alenquer (17 km), que se fez à média de 36,4 km/h!!! Comigo a fazer de Hincapie e um comportamento exemplar dos restantes 10 bravos cavaleiros. Sem um pio, nem um ai. Tudo agarradinho. 27 minutos a alta intensidade. Impressionante. Grande momento de ciclismo em grupo. Eis os eleitos: Miguel, Freitas, ZT, Steven (L-Glutamina), Farinha (Fantasma), Abel, Pina, Luís, Carlos, Daniel e Ricardo. Espero que os meus companheiros tenham tido o mesmo proveito que eu tive (refiro-me apenas a prazer, porque em termos de treino foi uma «estragação»). Ah, muito sinceramente, nunca pensei em ajudas. Foram todos extraordinários.
A partir de Alenquer, o ritmo aliviou… mas pouco. O comboio Pina Bike, agora sem locomotiva fixa e a ritmo mais inconstante, percorreu-se os 22 km até Alverca a 34,7 km/h!!!! É obra, senhores! Vi passar à cabeça mais amiúde o Fantasma, o L-G, o Daniel e o Carlos, partindo deste as acelerações mais fortes – sempre correspondidas pelo pelotão. O sprint em Vila Franca foi vigoroso e o Freitas fez valer os seus galões, logo seguido do Pina. E foi com pena, embora já fatigado, que me despedi do grupo na rotunda do Cabo de Vialonga. E até Loures, como é que foi!?


Notas de observador

1. Quero arriscar que o segredo do sucesso desta volta foi o andamento constante sem momentos prolongados de extraordinária intensidade nem de grande relaxe. Além disso, penso que a escolha do percurso (passe a imodéstia) foi acertada e deve servir de modelo, pois ficou mais uma vez provado que, também aqui, é no meio-termo que se encontra a virtude. A montanha é muito selectiva e acentua fortemente as diferenças – além de criar um estigma psicológico. De qualquer modo, reitero que, com uma abordagem mais comedida, as fortes percentagens também se passam com (quase) a mesma galhardia com que lidam estes percursos «ondulados». A planície, por sua vez, é um engodo a andamentos violentos. Mas há que ir a todas!
2. Parece-me que a única coisa que realmente faltou (se faltou!?) nesta volta foram momentos verdadeiramente competitivos (ataques, acelerações), que são sempre condimento apetecível. À excepção da fuga do Freitas no Sobral (praticamente sem perseguição) e do habitual sprint de Vila Franca não houve veleidades aos combativos. Os andamentos vivos desencorajaram mais iniciativas. Mas ainda houve algumas.
3. O colossal empeno do Hélder em Sintra foi tema de conversa no grupo e promete ainda fazer correr alguma. Fina ironia e muitas interrogações sobre as causas do sucedido (cãibras, quase esgotamento…) monopolizaram os diálogos nos primeiros quilómetros da volta. Mas num ponto parece haver unanimidade: o homem, quando recuperar deste revés, vai querer causar estragos.
4. Já vejo alguns elementos que tiveram algumas semanas de dificuldade a recuperar a sua boa forma. Isso é prova de empenho e motivação, e forte contributo para reforçar (ainda mais) o bom nível do grupo.
5. Alguém já reparou que dia de Natal e de Ano Novo são dois Domingos?

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Crónicas de Sintra

Manhã de sol, percurso fantástico no cenário da Serra de Sintra e pelotão numeroso: a jornada de ciclismo deste feriado teve todos os ingredientes para ser memorável. E foi! Mas com lembranças distintas – umas boas, outras assim-assim e outras nem por isso.
Já se sabe que quando maior é o grupo, menor é a sua homogeneidade, e potencialmente maiores as discrepâncias. E se, na volta do último domingo o terreno plano ainda disfarçou essas diferenças, a verdade é que num percurso selectivo como o de hoje não há como escondê-las. E pior ainda quando se produzem desgastes antes mesmo destes se imporem naturalmente pelas dificuldades do terreno.
Fazer o primeiro quarto de uma volta, selectiva como esta, como se fosse o último, não ajuda nada, principalmente para os que estão justinhos de forças. E são alguns. Uns porque estão muito em baixo de forma, outros porque não se dão bem com terrenos acidentados. E quando toca a subir bem, são muitos mais.
Subiu-se Guerreiros demasiado depressa, Sta. Eulália também e como se não bastasse, em Negrais desatou tudo numa correria desenfreada. A factura, estava mais que visto, seria alta. E foi!
Mas vamos à crónica: a subida de Lourel para S. Pedro de Sintra cavou as primeiras diferenças, curtas (ainda), provocadas por uma aceleração progressiva de um grupo constituído por 5/6 unidades, que passou a quarteto (Miguel, Hélder, Ricardo e Freitas) nos últimos 400 metros, e uma explosão minha perto do final (para regimes nunca alcançados!). Houve cortes no pelotão mas as diferenças foram escassas.
A recta do autódromo para Alcabideche fez-se quase sempre acima dos 50 km/h e até à Malveira houve sempre gente para trás (eu, o Miguel, o Hélder, o Salvador, nem sei quem mais…), lutando por reentrar, começando a sentir-se as primeiras consequências do desgaste precoce. E os pratos principais ainda estavam por servir. O primeiro, mesmo a sair: Malveira-Cabo da Roca. Três na frente: Ricardo, Hélder e Carlos. Ritmo moderado, mas com a dificuldade adicional de o vento soprar de frente. O Hélder cedeu e o Carlos resistiu… até à entrada em cena do Miguel, já perto do último quilómetro. Depois foi entre eu e ele. A situação não chegou a fazer chispa, mas deu para nos sentirmos, digamos, em boa companhia. E a última subida para o cruzamento do Cabo da Roca foi bem rasgadinha, com muito respeitinho mútuo. Terá sido a primeira vénia à nova temporada. Pena que ele, a partir daqui, não tivesse voltado a estar na frente.
Depois do reagrupamento parcial, desceu-se para Colares e chegou-se depressa ao início da subida da Várzea e depressa a escalámos. E mais ainda, quando passei a integrar um pequeno grupo (com algumas bicicletas de triatlo) que seguia há alguns quilómetros à nossa frente. Foi alto, sim senhor! (pulsações upa, upa!) Mais do que para o Cabo da Roca. Dos nossos, o Carlos foi o que mais perto ficou. Mas também o Zé-Tó, o Steven, o Pina, o Daniel e aquele elemento «poderoso» (penso que anónimo) que andou sempre na cabeça do pelotão, não perderam muito tempo. E foram estes que chegaram primeiro ao cruzamento para Algueirão, onde aguardámos pelos «possíveis».
Até Loures, o ritmo não abrandou, em género de prova de eliminação, ao estilo de uma Clássica da Taça do Mundo. Só resistiram os mais fortes, os restantes baquearam ao esforço da distância, das inclinações e das correrias madrugadoras. Eu, Daniel, Zé-Tó, Freitas e João em corrida de gatos e de rato. Eu fui o rato. Os primeiros gatos, o Daniel e o Zé-Tó; os segundos o Freitas e o João. Eu esgueirava-me nas subidas, eles caçavam-me nas descidas. Primeira vítima: João. Segunda: Freitas. Em Casal de Cambra, Daniel e Zé-Tó juntaram-se a mim, e o Freitas ainda entrou pouco antes da subida para Caneças - e de eu ter ido definitivamente embora. Em Loures, Zé-Tó e o Freitas chegaram juntos, o Daniel terá chegado pouco depois e logo, logo a seguir o Steven. Perdão, o L-Glutamina. Não muito tempo depois, também o Pina e o Salvador…

Notas de observador:
1. A malta anda entusiasmada, bem treinada, mas atentem às dificuldades do percurso (distância/desnível), senão não há mão para os empenos. Volto a frisar que os ritmos iniciais foram demasiado altos para o contexto da volta (responsabilidade de quem encabeçava o pelotão). Estes excessos têm várias consequências: acentuam as dificuldades dos menos bem preparados e cavam um fosso ainda maior para os mais fortes, mais tarde, quando será o próprio terreno a impô-las. Resultado: uns ficam muito para trás e outros muito para a frente. Não tenha ilusões: o que por vezes se faz, tanto em etapas planas como nas «montanhosas», está apenas ao alcance de desportistas já muito bem treinados. Velocidades de cruzeiro acima dos 40 km/h mesmo na planura da lezíria são muito altas, meus amigos. Subir Guerreiros e S. Eulália em regime anaeróbio e meter o pelotão a esticar ainda em Negrais, quando ainda faltavam 90 km na Serra de Sintra é uma loucura desmedida num grupo heterogéneo. Por isso, se me permitem a liberdade, aconselho sinceramente a que se protejam o mais possível, que se escondam, que guardem forças para quando elas são realmente precisas. Porque nunca são demais, acreditem! Mais cedo ou mais tarde, vão precisar delas. E mais perto do final se ainda as tiverem, então gastem-nas como quiserem…

2. A dupla que se disse vítima de conspiração no último domingo, Zé-Tó/L-Glutamina, (tão bem que eles ficam de amarelo canarinho!) vingou-se «à séria» da dupla de fugitivos da lezíria Pina/Fantasma. E não só porque a primeira mostrou estar em grande forma e a caminho de níveis ainda mais elevados, mas porque a segunda cedo ficou privada do contributo efectivo de um dos elementos, o Fantasma, que tirou logo o bilhete na subida para o Cabo da Roca e não mais se viu, deixando desamparado o seu companheiro de equipa, que, mesmo sozinho perante o duo rival, deu muito boa conta de si. E mais não era obrigado. Fantasma, melhores dias virão!

3. Principais destaques da jornada: o Carlos, em alto nível na subida para o Cabo da Roca e na Várzea; o Zé-Tó confirmou o crescendo de forma também a subir; e o Daniel resistiu entre os primeiros quase até final.

4. Convite: amanhã (sábado), às 8h30, no Café Golo (Tojal), para um treininho higiénico Bucelas-Sobral-Feliteira-Pêro Negro-Sapataria-Póvoa da Galega-Vale S. Gião-Bucelas. Inscrições neste blog. P.S.: 5 minutos de tolerância.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Muito alto, muito alto!

O regresso à lezíria trouxe, naturalmente, velocidade elevada e regimes cardíacos acima dos recomendáveis para a presente fase da temporada – pelo menos, para mim! Todavia, rolar (um pouco) mais devagar em alguns sectores do percurso teria sido pedir demasiado a alguns «duros» do nosso pelotão, entre eles, o Fantasma (que regresso!) e o próprio Freitas (mais «castigador» do que nunca). Tudo isto, numa etapa marcada pelos furos dos «éles» (Samuel e Abel, ambos com direito a dose dupla), a provocarem interrupções no andamento e inclusive, como se verá, cortes decisivos no grupo.
Até ao cruzamento da antiga estalagem do Gado Bravo (desta vez a volta fez-se no sentido oposto ao que é habitual) não houve grande história, mas logo que se entrou na estrada secundária o pelotão dividiu-se, ao género dos famosos abanicos espanhóis, embora por aceleração de algumas unidades e não por acção do vento. De qualquer maneira, o grupo da frente (Miguel, Farinha, Salvador, Abel, Zé-Tó) esteve sempre à vista (nunca mais de 100 metros) e perfeitamente controlado pelo perseguidor (Ricardo, Duarte – J. M. Nicolau -, Freitas, Zé-Tó, Steven e Pina - este acabou por saltar para dianteira antes da junção). Nesta altura, eu rolava à cabeça, entre os 37 e 38 km/h, por sinal confortavelmente em cadência elevada, até que o Freitas se cansou de ver os fugitivos à distância e resolveu anular a diferença… rapidamente – demasiado, para mim!
Apesar de o pelotão rolar de novo compacto, a velocidade não baixou. Pelo contrário, aumentou. Primeiro o Farinha (Fantasma) e depois o Freitas meteram o pelotão a 40-41 km/h e causaram as primeiras «baixas» na rectaguarda do grupo: o Steven (perdão, o L-Glutamina, que tão boas indicações tinha dado na última quinta-feira, e que ontem, para sua «desgraça» foi forçado a recorrer à BTT), o Zé-Tó e eu. Conta-se assim: o Steven começou a fraquejar, o Zé-Tó abriu um espaço e eu fiquei na expectativa. Ainda em tempo útil, alertei-os para não se deixarem cortar, mas para o Steven era escusado e o Zé-Tó decidiu ficar para o ajudar. Naquele impasse, fiquei em posição intermédia, a aguardar que os dois recolassem, e juntos tentassemos ir ao grupo da frente, o que acabou por ditar também a minha sentença (e no final, ainda levei uma reprimenda por não ter esperado!).
Entretanto, tentei recuperar mas as pulsações saltaram para valores proibitivos (acima das 180), por isso resolvi deixar-me ir, uma vez que o cruzamento com a estrada nacional estava próximo e lá, certamente, haveria novo reagrupamento.
E houve. Mas por pouco tempo. O Farinha e o Pina a abriram a caminho de Benavente e rapidamente cavaram um fosso significativo, a exigir nova perseguição. No entanto, o Steven (L-G) estava definitivamente limitado pela sua inadequada montada e todo o grupo decidiu aguardar, perdendo-se, para «sempre», o encalce dos dois fugitivos – apesar de tudo, foi uma bela recompensa para ambos!
Depois de integrado o L-G, rolava-se a bom ritmo até que… mais um furo – do Abel. Oito minutos depois voltavamos a arrancar, desta vez, esperando que fosse sem mais percalços.
A passagem pela ponte de Marechal Carmona proporcionou a habitual aceleração, levando ao sprint (a 52 km/h) em Vila Franca, entre mim e o Freitas. Resultado: empate técnico, porque meia roda de diferença é irrelevante quando não há risco de meta. É justo! Depois, até Alverca não houve descanso – agora principalmente por minha culpa. Foi para acabar com o resto. No final, para mim foram 100 km à média de 28 km/h, o que, com tantos atrasos, dá para ter ideia de como se andou depressa.

Notas de observador:
1. Confirmou-se, uma vez mais, que este tipo de voltas, sempre a rolar, tem uma abordagem bastante agressiva, sem paralelo em todas as outras, mesmo as que não incluem subidas a sério. Essa abordagem acutilante parte, maioritariamente, de elementos que, por hábito, são muitíssimo mais comedidos quando o terreno é mais acidentado, o que me leva a crer que no meio termo está a virtude. Ou seja, nem as voltas mais montanhosas deveriam ser encaradas de maneira tão passiva, nem estas de modo tão viril.

2. Assim, por serem tão disputadas pouco se rolar descontraidamente, estas etapas planas não permitem fraquezas, nem sequer distrações – que resultam em cortes, atrasos e em esforços adicionais evitáveis. Eu que o diga! Aliás, para mim, nesta altura são treinos de intensidade, que colocam a nu todas as limitações de um início de temporada. Por exemplo, o Zé-Tó mostrou-se surpreendido por saber que, em esforço, as nossas pulsações eram idênticas.

3. Já disse, mas voltou a frisar: o Fantasma voltou em grande e, mesmo que involuntariamente, puniu o seu arqui-rival L-Glutamina (L-G), fazendo pagar bem caro ter sido forçado a comparecer com um todo-o-terreno numa prova de velocidade. O primeiro «assombrou» o pelotão, metendo ferro desde o início da volta, e a caminho de Benavente partiu numa aventura a dois com o Pina, dois excelentes roladores. A coisa estava a fazer-se, mas à semelhança da última quinta-feira, aquando da fuga do Zé-Tó e do Carlos, ficou o gosto amargo de a perseguição não ter ido avante – por culpa das limitações do L-G. Tal como os dois diziam em conversa animada no início da volta, para a próxima deveriam unir esforços.

4. Já agora, L-G, lembras-te dos 5 minutos de avanço com que chegaste à Malveira no feriado? Pois é, ontem aquele grupetto que te agarrou à saída de Vila Franca ficou 9 minutos retido em Samora Correia, depois de tu passares. Nunca mais te esqueças do CAAD 8, tá!

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Prometeu e cumpriu

O homem prometeu e cumpriu. Para compensar a falta de presença no último domingo, o L-Glutamina (o Steven) já tinha ameaçado neste blog atacar no Freixial e pôr-se em fuga com pouco mais de 10 km percorridos de uma volta de… 90 km. E para os cépticos que glosaram da sua promessa aventureira, não fez esperar a resposta. Mais: antecipou a iniciativa, acelerando o andamento ainda antes de Bucelas, sem que alguém ousasse responder. Continuariam sem acreditar que fosse para valer? E lá foi, apesar de a partir do Freixial terem ocorrido as primeiras mudanças de ritmo, com o pelotão a fraccionar-se na longa subida, mas sem êxito na sua «captura».
O primeiro fugitivo do dia chegou à Malveira com mais de 5 minutos de avanço sobre o primeiro grupo de perseguidores. Todavia, não ficou totalmente satisfeito com a prestação, reconhecendo que não cumprira, na íntegra, a promessa: «Tinha dito que a fuga era até ao final». Fica para a próxima. Isto se houver, pois em futuras iniciativas do género dificilmente voltará a contar com a parcimónia do pelotão. Adiante.
Na Malveira, quando se esperava que houvesse um compasso de espera para reagrupamento, o primeiro grupo, agora com o L-G já integrado, continuou em bom andamento. E eu, com o Pedro e o seu amigo, estive a 20 metros de também nos juntarmos, mas deixámo-nos atrasar entre o imenso trânsito no interior da vila, obrigando a que, a partir de Alcainça, o esforço na perseguição tivesse de ser bastante mais forte. Alcançámos primeiro o Nando (está para ficar!!) e depois o João e o L-G, que não tinham resistido ao andamento imposto pelo trio Freitas, Carlos e Miguel. Recolámos já na última subida para o Carapinheiro, depois da rotunda nova da AE, com o Miguel a pisar no acelerador para passar à frente no alto. Enfim o reagrupamento!
A ligação entre Mafra e a Ericeira fez-se a bom ritmo, novamente com dois grupos (e eu novamente no perseguidor), e embora com controlo da distância, só pouco antes da descida para a Ericeira se voltou a rolar em pelotão compacto.
À saída desta bela vila piscatória, apareceu o vento de cara, pronuncio que os próximos quilómetros até Terrugem haveriamos que enfrentar um adversário adicional. E a subida de Foz do Lizandro para o Pobral, a mais exigente do dia, vinha já a seguir. Bom ritmo, primeiro o Miguel à cabeça, depois o Pedro, depois eu. Nos últimos 500 metros, meti a pedaleira grande para forçar os músculos, acelerando um pouco o andamento. No alto, pouco depois do Freitas ter afirmado, entre duas tomadas de fôlego, que o grupo vinha «todo partido», olhei por cima do ombro e quem! O Glutamina – o próprio! Embora a subida não tenha sido a grande intensidade, ali estava ele a demonstrar que, depois da fuga madrugadora, era, de facto, o homem do dia.
Até à Terrugem, o ritmo abrandou muito, mas logo a seguir saltavam mais dois elementos: o Carlos e o Zé-Tó. Aceleração forte, descarada, nas barbas do pelotão, que não demorou a reagir, mas rapidamente se verificou que a tarefa exigia empenho. Na perseguição Freitas, Miguel, Pedro, o seu amigo, Ricardo, Steven (L-G) e o Pina. Definitivamente para trás, o Luís e o Samuel (em deficit de forma devido a paragem) e ainda mais para a frente, o Salvador (sempre esquivo). Na passagem pela Granja e na aproximação a Pêro Pinheiro, a perseguição estava bem lançada, testando fortemente a resistência dos dois fugitivos. No entanto, em Pêro Pinheiro decidiu-se aguardar pelos retardatários, não permitindo saber até onde iriam os fugitivos e a capacidade dos perseguidores. E a coisa estava mesmo séria. Assim, para ver de novo o Carlos e Zé-Tó só em Loures.
Assim, resolveu-se apreciar o bom cheiro do leitão de Negrais, mesmo a abrir o apetite para o almoço, e aproveitavou-se para jogar ao gato e ao rato, culminando num sprint vigoroso em Sta. Eulália – que antecedeu nova paragem. A partir daqui já se descontavam os quilómetros para Loures e pedia-se ao céu para aguentar a chuvada que ameaçava abater-se a qualquer momento. Depois de Ponte de Lousa, a subida curta para o alto de Guerreiros fez-se a esticar ligeiramente o elástico e o Freitas surpreendeu toda a gente com uma boa aceleração final (e não propriamente um sprint, o que merece registo!). Eu, por exemplo, fiquei à procura dos carretos e só recolei na descida.
Em Loures lá estavam o Zé-Tó e o Carlos (este já em sentido contrário, a provar que deixara o servicinho feito, e bem feito, porque fez o seu companheiro de fuga tirar o bilhete ainda antes de Negrais). O homem faz-se. Tal como o Zé-Tó e o Glutamina, que apesar da maior discrição na última parte da volta, não deixou de ser o homem do dia!
Para uma grande jornada de ciclismo só foi pena aquela interrupção na perseguição aos dois fugitivos. Fica para a próxima…

Notas de observador:

1. Temos-te debaixo de olho, L-Glutamina! Na ausência do Fantasma, provaste que das bocas se pode passar aos actos e cumpres o que prometes, partindo sozinho, de peito feito, sem receio do muito que ainda estava para vir. Fizeste bem em parar na Malveira, pois, de tão tresmalhado que estava o andamento lá atrás, arriscarias mesmo chegar sozinho a Loures. Definitivamente, pareces preparado para uns apertos. E então aí, a coisa pia mais fino.
2. Foi o primeiro dia da nova temporada para o Miguel, grande companheiro de andanças internacionais. Força, amigo, temos muito que pedalar até às míticas 21 curvas…
3. O Freitas parece revigorado. Confidenciou-me que foi a paragem de duas semanas que beneficiou a recuperação. A verdade é que está mais solto e ousou acelerar numa subida (embora curta) em vez de sprintar. No domingo, a confirmar-se uma volta para roladores pode ser que deixe o seu crivo.
4. O Carlos. Voltou a dar nas vistas, depois de umas semanas de maior apagamento. Queixou-se que uma ameaça de caimbra o tinha impedido de subir com os primeiros no último domingo da Merceana para o Sobral. E que a mulher lhe tinha dado com o rolo da massa por ter sabido, através deste blog, que ele quase entrara pela frente de um carro na descida do Sobral. Tranquilize-se a senhora, porque o seu marido sabe o que faz: era apenas um micro-carro, quase do tamanho de uma bicicleta. Estou a brincar! Desta vez andou sempre no grupo da cabeça, e atacou – mas foi traído. Sim, porque ninguém gosta entrar em fuga e depois os perseguidores resolverem renunciar por outros motivos que não seja por falta de forças. Desculpa lá, companheiro. Por mim, não se volta a repetir. (brinco, porque esperávamos por elementos que podiam estar em dificuldades).
5. Finalmente, o Zé-Tó. Um bis (+) em menos de uma semana. Estando tu a subir de forma, já se sabe com que contar – um homem sempre disposto a espevitar o andamento! E quando estiver «au point», do que serás capaz? Até lá, deixa a malta fazer a pré-temporada descansada, está bem?!